10/11/2007

Baião

Poucas coisas tem me emocionado ultimamente... na verdade apenas uma coisa.

O sofrimento...

...aquele do baião de João Ninguém ao contar sua história.
A mesma de tantas e tantos que sobrevivem em meio ao seco sertão do nordeste brasileiro.
Dá pena...
Certa vez, na primeira vez que fui ao nordeste para visitar meus parentes, ao chegar em Olho d'Água no belíssimo estado de Pernambuco, uma tia nos convidou para ir até a casa de um parente que morava mais pra dentro da Caatinga... não me lembro o nome deles, mas me lembro de como era a casa...
Era de pau-a-pique, la viviam 8 pessoas, 6 eram crianças... na casa tinha um fogão à lenha, uma panela, não vi colheres, nem garfos, nem pratos... mas isso não tem muita importância pois não tinha lenha pra cozinhar... tão pouco o que cozinhar... só havia farinha seca... nem palma havia...

Por isso, assim como João Ninguém, não me preocupo com os que não viraram doutores, mas sabem tocar baião... me preocupo sim com os que não puderam estudar, aqueles com quem o professor ralhou por isso, aqueles que não sabem tocar baião... aqueles que vivem da terra... são parte dela.

Por isso eu choro quando assisto a uma das cenas finais do Alto da Compadecida... aquela em que Maria - sempre ela - fala dos nordestinos... esse povo sofrido que sofre sofrendo o sofrimento que é aquela vida esquecida.


VIVA ZAPATA
VIVA ZUMBI
VIVA ANTONIO CONSELHEIRO
VIVA OS PANTERAS NEGRAS
VIVA CHICO SCIENCE
VIVA MARTIN LUTHER KING
VIVA GANDHI
VIVA CHICO MENDES

E TANTOS OUTROS E OUTRAS...

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