12/24/2007


A primeira impressão que tive, um déjà-vu, me trouxe aquela sensação de que nada mudou.
Rebusquei nos pensamentos, viagens, lembranças e imaginação, qualquer aspecto relevante que justifique e defenda uma mudança, apenas para que Eu me sentisse um pouco menos melancólico e enjoado...
Infelizmente, exceto pela reforma de alguns viadutos, pontes e das faixas exclusivas para os coletivos, há de se dizer: "obras políticas", ou seja... nada muda mesmo na paisagem de Sampa.
Alguns adornos a tornam deferente sim, a começar pela ronda ostensiva da polícia "militar", qualquer lembrança recente é mera coincidência... será?
O fato é que a cidade é a mesma, as ruas são todas iguais, os cruzamentos os mesmos, os caminhos não mudaram e não será um túnel para entrar em Congonhas que irá facilitar a vida de quem realmente mora em Sampa, os moradores do Chácara Santana, do Jardim Angela, do Campo Limpo, do Capão Redondo, de Parelheiros, do Cipó, do Marsilac, do Grajaú, Vila São José, etc, etc, etc, etc... todos "da ponte pra lá..." todos os que precisam amargar a ampulheta dos semáforos em frente ao famigerado aeroporto, para chegar ao trabalho quilômetros distantes no centro.
E pensando nisso... hoje ao ligar a TV pra assistir ao jornal nacional da manhã brasileira, novamente fiquei surpreso ao noticiarem a seca na caatinga, o Brasil pintado pelos alvos pés estrangeiros dos idos de 1500.
A matéria novamente discorria sobre as dificuldades de se conseguir água para os seres humanos e sua criação de animais, ao mostrar um senhor que precisava percorrer 5 quilômetros para conseguir água com um vizinho que tinha uma cisterna - ainda havia água nela - e dava destaque à cooperação entre as pessoas dessa região, ao mostrar que não importa o pouco que se tenha, é sempre possível dividir com quem apareça.
Ao final, a repórter sorriu amarelado e disse: "Agora vamos ver como será o tempo no natal..."
Em seguida a moça do tempo falava sobre sol e pancadas de chuva em Santos, Natal, Salvador, Porto Alegre... nada sobre a caatinga.
Será porque é fato que não choverá mesmo nos próximos meses? Lembrando que o inverno na caatinga - período em que chove na região - é mais ou menos entre junho e agosto, segundo o pernambucano "Seu Julio", meu pai.
Sei lá mano!
O que sei é que banalizou-se o foda-se, or fuck you if prefer.
Quem é que acredita mesmo que a Transposição do glorioso rio Opará - ou São Francisco graças à nada "Santa Cruz" - irá acabar com a sede das pessoas na caatinga?
Alguns acreditam, pois tem fé, e estão dispostos a qualquer coisa para um copo mísero de barro com um pouco de água suja, pois ao contrário de nós que moramos em casas com água encanada, não há opção.
Mas fuck you né... fazer o que?
Ontem eu estava na augusta sorvendo uma Original pra tornar o dia melhor, quando observei que um morador de rua caminhava pedindo qualquer coisa pra quem quer que seja. Após conseguir uma quentinha ele seguiu pro centro, caminhando e comendo com as mãos mesmo. Continuei observando e me dei conta que de costas ele era um qualquer, como eu, como você, como uma criança qualquer, ou uma senhora... ele descia a Augusta como qualquer um e caminhando com sua mochila nas costas não parecia com um morador de rua.
Banalizou-se a desigualdade e por isso foda-se!
É assim que tratamos nossos irmãos humanos.
Em algumas casas cachorros são melhor tratados que mendigos, mendigas, presidiários e presidiárias, não que os cães não mereçam, mas as pessoas todas também merecem, merecem a igualdade mínima de qualidade de vida, o padrão mínimo ótimo.
Seja no nordeste, seja em Sampa passou do ponto esse perú...
Eu não aceito a banalidade nada socioambiental com que forjamos nossa cultura contemporânea.
E você?
Você aceita?
Aceita a África como a tornamos?
Aceita a pressão imobiliária estrangeira?
Aceita as periferias como a formamos?
Aceita o desmatamento como o degustamos?
Aceita a carga tributária à conta-gotas?
Aceita crianças morando nas ruas?
Aceita meninas rifadas em cela de cadeia?
Aceita a violência do estado brasileira?
Aceita a fome?
Aceita a SIDA?
Aceita a sede?
Aceita a "Londres de baixo"?
Sua cabeça é seu guia...
Namaste

12/21/2007

Do Planalto Central
Lhe saúdo
Lhe saudade
Lhe massagem
Tem vontade
Tem desejo
Tem beijo
Te quero
Te amo
Teu Cerrado
Teu abraço
Tua boca
Também quero

12/20/2007

A vontade de escrever supera em muito a tristeza da deprê.
Sempre foi fácil me livrar dos sentimentos obscuros da pegajosa
tristeza, mesmo que nada descabida.
Não acredito em depressão, ou melhor, acredito tanto quanto nos duendes das florestas.
O
saci-pererê não, esse é real e mora lá em casa.
Mas aptidão para depressão nunca tive, talvez por isso aconteçam certas coisas, e também por isso, talvez eu carregue alguns fardos -
obviamente que reclamando - pois é óbvia a mente quando escolhas são prioridades.
Não é incomodo... na verdade me incomoda sim, mas eu suporto e sempre supero.
Mas se eu posso escolher...
Quero minha dose de "me erra"!
Quero os atalhos e as senhas de acesso sem dor!
Mas se me mirar e acertar, quero minha morfina, pois já tenho a consciência.


12/17/2007

sonho


...no primeiro sonho carros circulavam loucamente em estradas de alta velocidade, era noite e... eu matei. Não me lembro dos detalhes, mas tenho a certeza de forçar um acidente num túnel para que um homem morresse, na verdade não tenho certeza do lugar, ou dos carros e do túnel, porém o acidente aconteceu e eu fui o culpado, porém apenas eu sabia.

Acordei incomodado e fui ao banheiro, quando voltei, ao me deitar, foi como abrir novamente a porta do sonhar e assim mergulhar em outra realidade, onde o tempo não parou e a história continuava. Os personagens eram os mesmos porém o cenário era outro completamente diferente.

Havia uma casa com "pé-direito" bem alto... uns 12 metros, ao lado dela passava um rio que se dividia em dois por causa de uma barragem. As margens deste rio eram bem degradadas, o clima era úmido e havia muita lama.
Uma família morava naquela casa, eu não sei bem o que estava fazendo lá, parecia que eu não tinha vínculo algum com aquela gente, a princípio.
Não me lembro dos detalhes, mas o mesmo cara que eu acreditava ter matado no sonho anterior, estava ali vivo na minha frente e eu achava estranho pois ele devia estar morto, eu tinha certeza.
Eu não tinha nenhuma razão para matá-lo e ele parecia ser uma pessoa boa.
O homem desce em direção ao rio com um de seus filhos, para pescar no braço-de-rio mais próximo da casa. Eu caminhava por ali, e ao vê-los pescando sugeri que eles deveriam ir pescar no outro braço-de-rio porque lá tinha muito mais peixe, era certo que seria uma boa pescaria.
E assim eles seguiram para o outro braço-de-rio, enquanto que eu caminhava em cima da barragem. Derrepente, com o meu peso na barragem, ela cedeu soterrando aquele pai de família, matando-o novamente.
Fiquei muito mal com isso e novamente acordei.

Acordar foi como "suspirar um piscar de olhos", pois do mesmo jeito que acordei, dormi caindo novamente naquele mesmo sonho.

O lugar era o mesmo porém a família não estava mais lá. Tinha muita gente do meu trabalho e muitas queriam que eu fosse à uma festa, uma festa onde uma mulher me esperava, porém eu não queria ir, estava com uma sensação horrível de culpa, pela morte do pai de família.
Assim voltei para perto da casa, onde encontrei a mãe, os filhos (acho que eram dois) e o pai, o mesmo pai que eu matei duas vezes.
Tanto a mãe como os filhos não entendiam o que estava acontecendo, pois eles também sabiam que o pai estava morto. Foi quando percebi que voltamos no tempo, todos nós, voltamos para concertar o que estava errado, mas não conseguíamos falar ao pai que ele tinha os dias contados... quando tentávamos nada saída da boca, nenhum ruído sequer...
...era preciso lembrar quando e como aconteceu, e naquele momento ninguém conseguia se lembrar ou sequer comentar o assunto.
Estávamos todos na margem do rio quando o pai nos chamou para ver algo que ele havia encontrado.
Era um sarcófago egípcio, na verdade havia um sarcófago e outras coisas dentro do que parecia ser uma sala com pareces muito espessas e firmes, e que a força da água do rio havia desenterrado, derrubando o teto e mostrando seu interior.
Estávamos maravilhados com os segredos que poderiam estar ali dentro e ao tentar tirar o sarcófago ele quebrou ao meio liberando uma poeira e expondo seu conteúdo.
Imediatamente eu ordenei a todos que se afastassem para não respirar aquela poeira. Quando ela se dissipou nos aproximamos e entre outras coisas de dentro do sarcófago caiu uma pedra...
...eu a peguei e ao segurá-la com minha mão direita senti enorme energia, uma energia sem precedentes, foi uma sensação única que eu jamais havia experimentado, eu falava em outro idioma e gesticulava de com uma certa cadência, como se fosse um ritual... todos estavam impressionados e me olhando.
Foi tão forte que joguei a pedra ao chão e pedi que os outros a tocassem para ver se aconteceria o mesmo, porém nada aconteceu, na mão dos outros a pedra não passava de um pedaço qualquer de mineral sem valor.
Assim eu a peguei novamente e desta vez me sentei numa poltrona e ao me concentrar no poder da pedra percebi que era demais para mim, eu estava consciente, conversava em outro idioma e gesticulava como que num ritual muito importante.
A sensação era absurdamente forte, como se meus órgãos internos se movessem dentro de mim, como se uma força de gravidade muito superior ao que estamos acostumados na Terra passasse por dentro do meu corpo, meu coração estava acelerado e eu podia sentir o amargo da adrenalina na minha língua, milhões de frases eram despejadas numa velocidade sem precedentes, para dentro do meu cérebro e eu não conseguia assimilar.
Eu estava consciente e assim acordei...

Acordei incomodado e ofegante, com medo... e fui novamente ao banheiro, escovei os dentes e voltei para a cama...

...a porta do sonhar estava aberta novamente, para o mesmo lugar, a mesma situação... numa continuação da história viva onde eu era apenas um personagem. Os artefatos egípcios já não estavam mais lá, a família escondera tudo no forro de um galpão grande que eu ainda não havia percebido. Eles me chamaram para ver os artefatos pois queriam estudá-los, porém antes de ir eu peguei na face do pai com as duas mãos e disse a ele:
-Cara... por favor tenha cuidado nos dias 14 e 15 de junho. Nestes dias não se aproxime do rio porque se assim fizer, você morrerá. Quando a mãe me viu conversando com o pai ela se emocionou e veio em minha direção. Ela me perguntou se eu havia me lembrado eu disse que sim e ela emocionada abraçou o pai, as crianças fizeram o mesmo e num piscar de olhos já estávamos à caminho do galpão.
Ao entrar na sala onde os artefatos estavam guardados eles me pediram para segurar novamente a pedra...

...sentei na poltrona e tentei explicar para eles que aquele poder estava muito além do meu controle e que por isso eu não deveria mais tocá-la...
Acordei com uma sensação horrível, tentando entender o que aconteceu pois além da sensação enorme de poder eu estava consciente.
Eu estava lá e aqui ao mesmo tempo, porém eu não conseguia, ainda, controlar aquele poder, ou aquele sonho.

12/14/2007


As vezes pensamos que as "coisas" serão como imaginamos, ou como temos a certeza que serão, porém... em muitas vezes acontece o contrário.
Por isso é sempre bom contar com todas as possibilidades, não importa quanta certeza se tenha de alcançar os objetivos.
Sejamos sempre fortes para aceitar as pedras com honra e a partir do problema, ou desvio, traçar a melhor estratégia, e se a melhor estratégia for a desistência... desista com honra.
Abra o jogo e seja honesto, não importa o mal que lhe causem, esse é meu "conselho grátis".
Se alguém que você goste não te quer por perto, afaste-se, deixe que vá e veja o que acontece.
Porque se preocupar quando não pensaram em você?
É muito egoísmo pensar assim?
O que você acha?
Pense bem...
Na minha opinião, não, não é egoísmo pensar assim, desde que se tenha honra. Desde que se abra o jogo e sejam explicitados todos os sentimentos.
Não há o que entender quando não se tem entendimento.

Estou nú.
Não importam roupas, sapatos, chapéu, meias, óculos... estou nú!
Desprovido de bolsos, botões, gravatas, ou cintos.
Não precisam dessas coisas.
Me sinto bem como sou, como estou, onde quer que seja... pois estou sempre nú.
Não tenho vergonha da barriga.
Não me incomodo com os olhares.
Minha aparência nua me agrada, sou feliz assim.
Mesmo no frio, quando peles e tecidos são necessários, estou nú!
Mesmo em seminários lotados onde falo ao microfone, estou nú, peladão!
Me sinto bem como sou, com minha careca linda e minha coluna torta, minhas pernas longas e meus pés descalços.
Estou nú e não fico sem jeito.
Não preciso colocar as mãos no bolso por não saber o que fazer com elas.
Elas estão bem aonde estão... presas ao braço.
Meu braço está bem onde está... preso ao tronco.
Meu tronco está bem onde está... sustentado pelas pernare sustentando a cabeça.
Minhas pernas estão bem onde estão... caminhando... pés no chão.
E minha cabeça nua, careca...
está bem onde está...
Seguindo as orientações e os melhores caminhos, ampliando a visão e guardando meu principal tesouro.
Minha mente nua!
Sem maldade, ou preconceito, viva eternamente sem véu que atrapalhe a visão.
Estou sempre peladão!

12/05/2007


Muito acontece à nossa volta.
São sentimentos expressando o íntimo,
atos expressando sentimentos,
ações resultado de atos,
reações resultado de ações...

enfim...

As vezes ajustes se fazem necessários e todo mundo sabe disso.
É preciso apertar os parafusos da janela, tirar a folga da corrente da bicicleta, afastar-se de gente que não agrada, mudar de idéia quando se percebe que não será bom... por mais certo que seja... enfim...

É fácil perceber e ajustar, para que as coisas fiquem "no seu devido lugar".

Mas... que "lugar devido" é esse?
Quem decide que é devido?
O que é devido pra um, será que é devido para o outro?

É muito fácil dizer para o mundo que ele está errado e que os ajustes sugeridos são a salvação da colheita.
É muito fácil julgar fulano, sicrano, maria, joão... é muito fácil apontar e dizer sim ou não.

É muito fácil, desde que não seja na frente do espelho...
Você já olhou para o espelho hoje e apontou pra pessoa que lá aparece?
Já enxergou seus defeitos hoje?
Já pediu desculpas por mandar e pontar e não aceitar quando os outros o fazem com você?

Não sei se você fez isso e sinceramente não me diz respeito, pois questionando essas coisas estou apenas apontando...

Não sou juiz pra julgar, tão pouco decido sozinho coisas que atingem outros.

Me importo com vocês todas e todos e desejo com toda a força que tudo seja acordado na mais perfeita paz pra todo mundo.

Por isso lhe desejo calma, procure enxergar seu próprio egoísmo.

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