As vezes uma bruma tênue de incerteza, quase imperceptivel, cobre minha visão e oprime meus sentimentos com o medo de um futuro "sem futuro".
Apesar de efêmera, a bruma parece constante, persistente, eterna...
Sei que isso é tolice, mas ainda assim me preocupa, por exemplo, a possibilidade de ficar sem trabalho e sem dinheiro - sempre o maldito dinheiro - nessa escravidão do aluguel, das roupas limpas e passadas, da moral e bons costumes...
Nesses momentos busco a fé que esqueci e concentro no silêncio.
Respiro fundo para me animar com as possíveis soluções, desconcentrar da paranóia, dispersar da realidade, e o "vento" do tempo leva a bruma e me alivia.
Sinto que seria muito mais feliz se largasse tudo para enraizar nos interiores da gente boa que "vive" o mundo real, longe dos carros, dos impostos, da maldade, da lei e da ordem...
9/19/2012
9/17/2012
9/09/2012
Recife em janeiro
Quero um por-do-sol
denso como as chuvas de março
que alague o céu
com seus raios vermelhos
quero um por-do-sol
da cor das maçãs do cesto
que seja doce, que seja beijo
que seja Recife em Janeiro
de uma imensa pequena vida
odissésia de criança
com belos fns de tarde
de infinitos lugares
9/06/2012
Qual verdade te convém
Mentira la que manda
Mentira comanda
E o poeta segue
Rasgando o verbo na corte dos fanfarrões
Pois mais vale o dito que o não dito
Mesmo que for um único pingo, endêmico
Em uma sopa de letrinhas degradadas
Extinguindo nas mãos de um excelentíssimo
Que educadamente ignora seus malfeitos atos
Mas polidamente, sob a égide da justiça e da ordem
Proclama feliz seu decreto de boas intenções
É o inferno mesmo
Cheio de bombom e pão-de-ló
Recheado de amizade e lembrança
Lindo prenúncio do zodíaco
De amor
Até que a realidade cobra seu tributo
E o espelho quebra
Enquanto a princesa penteia os cabelos
Sedosos do perfume de ilusão
De crer que 7 anos passam rápido
De sentir-se cego mesmo enxergando
As letras miúdas dos contratos falsos de azar
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