4/30/2010


Jamais
em toda essa existência
cogitei tal situação
Desejei sim
muita coisa parecida
com esse destino doce
E nunca acreditei
no fato consciente
de um presente cultivado
No seio das vontades
no fogo da luxúria
e no divino pecado

4/29/2010


Se eu não escrever, não serei o mesmo, não pulsarei e nem viverei o perpétuo junto aos meus queridos irmãos e minhas queridas irmãs do sonhar. 
Sou um tipo muito raro, se eu parar nas distrações da confusão dos outros, serei apenas mais um que se confundiu com as confusões da louca vida. Perderei minha alcunha rara.
Alheio aos alheios ideais de céu e inferno, piso em terra firme, me afogo na lama, perco os sentidos e me resolvo aos céus e além.
Todos podemos ser assim, todos podemos ver o óbvio, mas nem todos podem aceitá-lo. Note que não é preciso provar nada à ninguém, nem para nós mesmos. Mas é preciso abrir os olhos para o óbvio. Todos são iguais e tudo sempre foi a mesma coisa.
Há experiência suficiente na vida, em nossa descendência.
Enxergar o óbvio por si não é exercício. Enxergar o óbvio por si é lembrar das vidas além das vidas e de toda a experiência anexa.
Escrevo nas folhas, nas paredes e no meu corpo e na memória do mundo, para que nunca esqueçam de pulsar o sonhar com a consciência de voar com as próprias asas, sem para-quedas.

Se joga


4/28/2010


A morena de Angola chacoalhou o chocalho no meu congado
Abalou meu regimento e distraiu minha sentinela
Temperou com vinho a noite bela
E foi por ai chacoalhando o chocalho que mexeu com ela


4/23/2010



Pela presente
Imponho versos ao ritmo frenético
Sem parar
Como quem chupa lânguidas ilusões de amor

4/21/2010



Ontem a vi, impávida e incolor
Nas sombras, no escuro
Vestida de tecidos negros
Triste de se ver

Passei como se não existisse
Ela desviou o olhar
Segui na minha paz
Sem me incomodar

4/20/2010



A superficialidade não é algo com que você se acostuma, pois não é legal ser assim.
Podemos nos tornar superficiais por conta de decepções sentimentais ou por traumas físicos e psicológicos.
Independente do motivo, razão ou circunstância, isso nunca será normal, pois junto a superficialidade em algum momento virá a carência da tristeza e as vezes da depressão.
Há pessoas, entretanto, que nascem com o dom da superficialidade proposital e consciente.
Eu sou assim, superficial quando quero e como quero, e quero que se foda!
:)
Como dizem no Pará:
Não quero nem saber quem pintou a zebra, eu quero é a tinta!
Estou feliz com este momento superficial, sinto se outras serão magoadas.... acontece.
Por isso tenham consciência de minha confissão para depois não reclamar. A reclamação será em vão.
Minha superficialidade não se traduz em desrespeito, pelo contrário, ela significa muito amor e carinho no momento superficial da fantasia passageira.
Nesse período minha superficialidade será sublime e dedicada à atender sem vínculos, todos os anseios alheios, mas depois...
So sorry baby...
Depois é tchau, beijo e me liga...
Talvez eu atenda, talvez não...
Nesses intervalos - entre uma ligação e outra - não fiquem bravas.
Aproveitar a superficialidade dos sentimentos, pode ser um exercício e um estímulo a evolução do ser.

Aproveitem-me!

Usem-me!

Namaste

4/19/2010

Vem pro cerrado
Vem pra cachoeira
Aqui a gente cura 
dor de amor e bagaceira
Vem pro planalto
Vem pro cristal
Aqui a gente tem
a energia natural
Nesse dia tão simbólico, fui acordado por uma índia bela que pintou meu corpo com o suor dos seus caprichos.
Ela marcou fundo na minha essência toda a herança nativa dessa terra que é nossa e que há de voltar para nossos domínios.
Eu sou um parente entre tantos que existem e outros vários que se esqueceram ou se perderam por ai, engolidos pela velocidade da vida moderna.
Estou marcado pelo sangue que corre em mim e que correrá sempre, mesmo quando eu partir. Estou marcado pela tinta das gerações que estiveram, estão e estarão para sempre dançando e lutando com seus maracás e setas afiadas.
Viva os povos indígenas, sua herança, seu passado, presente e futuro!

4/06/2010

Ontem redigi uma nota que representa o tamanho da tristeza que me atormenta. Fiz isso para externá-la, para extirpar o vínculo que tenho com esse sentimento. Acreditei que vomitando as palavras, poderia iniciar o processo de expulsar a dor, a raiva e o maldito amor.
Me enganei, não posso simplesmente apagar do nada um sentimento tão forte. E não devo fazer isso, porque faz parte de mim e cada um tem o que merece, nada além nem nada aquém.
As coisas são o que são e assim como o organismo metaboliza uma doença, metaboliza também os sentimentos.
Todos tem que passar por isso, não se pode evitar, faz parte do aprendizado para ser melhor.
Por isso vou mastigar essa dor até que ela dilua nos meus dentes, seja consumida pelo meu corpo e descartada.
Sim, é uma merda mesmo e quanto mais se mexe, mais fede. 
As vezes é preciso chafurdar na possilga para lembrar como as coisas são de verdade.

Dias melhores virão para todos e todas.

Namaste  

4/03/2010


OCUPE O ESPAÇO PÚBLICO!

4/02/2010

Acordei perdido
num labirinto de cabelos e látex
Com o ódio me guiando pela caatinga
de anéis-espinhos frágeis


O manto da noite ia à minha frente
era dia infante no meu calcanhar
E A Sol sobre negras e densas Nuvens
Não podia me guiar


Fechei os olhos, Elas me despiram
Abracei a Mãe e Ela me envolveu
Sua pele de hervas, águas, minérios, seres...
de Eu


Muito além dos 7 palmos
do ventre quente, senti a pele coçar
Acordei, espreguicei, levantei
e o labirinto já não estava mais lá


Formigas levavam o corpo que já fui
pelo amplo e vazio salão do sem fim
Enquanto que a curiosidade me guiava
pela imensidão do infinito, onde me perdi


Era demais para mim
mas eu ouvia calado a ladainha
E cada palavra parecia ser
exatamente o que me convinha 

Como se falasse ao espelho
tudo o que eu já sabia
Conduzindo meus sentidos
mas era Ela quem dizia 

Foi quando o amor e a paz me conduziram
até a soleira da porta de fogo
Não havia Sol nem Terra
Tudo era Um e Um era O Todo 

Luzes e cores espalhadas
explodindo felizes em ferozes gargalhadas
Me jogaram no oco 
da liberdade desregrada 

Era carnaval

4/01/2010

Soul
convencionalmente incomum
louco, dias trovão
noites cadentes
indecentemente chilli
pulsantemente pepper
depravadamente suave
mau e cruel, perdido e perigoso
amargamente doce
docemente céu
infernalmente gente
vividamente carinhoso
Bondosamente besta
Realmente sonhos

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