Eu voltei ao sonho de adereços, estrelas cadentes e igarapés ao relento
Eu vi tudo de novo, eu senti tudo outra vez
E não entendi nada, nem porque de tamanha ilusão
A lua cheia clareava a noite sem lâmpadas
Os sapos cantavam alto, como nunca
E no auge daquele momento, o eclipse começou
O vento parou, a água do lago congelou
Por alguns instantes nada se ouviu
E a noite clara se fez em treva novamente
Na escuridão eu imaginei coisas
Na escuridão eu encontrei respostas
Na escuridão eu entendi tudo
Panelas foram batidas e salva de tiros saudaram a passagem
Ladainhas enfeitiçaram a noite-dia
E depois novamente clareou a liberdade
Eu vi novos sonhos e teci novos adereços
Eu contei novas estrelas
E mergulhei no igarapé ao relento
Eu me despi de roupa e pudor
E a água fria não se percebia
Foi como estar diluído na imensidão
Quando levantei, percebi que pouco importa
Intuição é só um dos caminhos no labirinto
De incertas possibilidades remotas
É preciso aliar coincidência, destino e intuição
Sem esperar nada do futuro
Que guarda muito mais incerteza que minha vontade própria
O eclipse mostrou isso
A noite-dia que se apaga e novamente acende
Dia e noite sem fim na trama universal